“Em todo adulto espreita uma criança, uma criança eterna,
algo que sempre está vindo a ser, que nunca está completo, e
que solicita atenção e educação incessantes.”
(Carl Jung)

Costumo dizer no consultório aos meus pacientes adultos que todos nós temos uma criança
interna, e que toda criança precisa de um adulto que ame, acolha, que lhe proteja, lhe ensine e ai
pergunto: “Sabe quem é o adulto que vai cuidar da sua criança?” Ai tenho as mais variadas
respostas: “minha mãe!? você?! (eu terapeuta), Deus!?, alguns conseguem responder de forma
correta, mas ainda sim com certa dúvida: “Eu!?”.
E digo, “você!”, alguns, acham graça, outros acham estranho, e outros negam de cara “Eu não!”.
Digo então que em geral o que fomos na nossa infância é o que seremos na nossa vida adulta, Se
eu fui uma criança muito podada, muito recriminada, recebi muitas palavras negativas,
destrutivas ao meu respeito, serei um adulto muito limitado, com muitas crenças negativas ao
seu respeito, tipo: “eu não sou capa” ou “eu não sou boa o suficiente” ou “eu não mereço coisas
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boas”, entre outras do tipo. Por esse pensamento ter surgido ainda na infância, dizemos então
que esse pensamento da criança interna e pelo teor das crenças identificamos que essa criança
interna está ferida, precisando de amparo e reparação.

A criança que fui chora na estrada. Deixei-a ali quando vim ser
quem sou; Mas hoje, vendo que o que sou é nada, quero ir
buscar quem fui onde ficou.” (Fernando Pessoa)

Entendemos que a criança interna ferida (CIF) sofreu um “trauma” , pois entendemos que trauma
se forma não apenas em situação trágica na vida, mas entendemos trauma como tudo aquilo que
paralisa, um dano emocional resultado também de frases do tipo “você não faz nada certo!” ou
“você é uma decepção” ou “você não deveria ter nascido”.
Tais frases podem sim desenvolver um trauma de proporção enorme na vida de um adulto, que
um dia foi uma criança que ouvia essas palavras e por ser criança, não tinha recursos internos
suficientes para se defender e terminou por acreditar nessas crenças negativas.
Na terapia o adulto terá a oportunidade de, depois de ser recursado de forma positiva, depois de
perceber e reconhecer as necessidades das crianças, depois de entender que hoje é um adulto,
que essas coisas já passaram, poder acolher essa criança interna ferida, dando a ela
oportunidade de ser uma criança interna feliz, amada, respeitada, protegida, cuidada, que não
precisa mais fazer coisas que não são da competência de uma criança. Que ela é capaz e
valorizada, pois hoje ela tem um adulto que faz isso por ela: “você!”.
Pois: “não importa o que fizeram conosco, o que importa é aquilo que fazemos com o que
fizeram de nós”. (Jean Paul Sartre)